O que previne:
Poliomielite (paralisia infantil).
Do que é feita:
Vacina Oral Poliomielite (VOP) – É uma vacina oral atenuada trivalente, ou seja, composta pelos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3, vivos, mas “enfraquecidos”. Contém ainda cloreto de magnésio, estreptomicina, eritromicina, polissorbato 80, L-arginina e água destilada.
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) – Por ser inativada, não tem como causar a doença.
É uma vacina trivalente e injetável, composta por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3. Contém ainda 2-fenoxietanol, polissorbato 80, formaldeído, meio Hanks 199, ácido clorídrico ou hidróxido de sódio. Pode conter traços de neomicina, estreptomicina e polimixina B, utilizados durante a produção.
Indicação:
Devido à erradicação da poliomielite em diversas regiões do mundo e também para evitar a paralisia que pode ser causada pelo vírus contido na vacina oral (VOP), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que países como o Brasil, de baixo risco para o desenvolvimento da doença, passem a utilizar a vacina inativada (VIP), sempre que possível.
Após essa orientação, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) adotou, em 2012, o esquema sequencial composto por duas doses VIP e as demais com VOP.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta que a VIP seja a vacina de preferência na administração de todas as doses.
A vacina poliomielite é indicada de rotina para todas as crianças menores de 5 anos.
Para viajantes adolescentes e adultos com destino à Nigéria, ao Paquistão e ao Afeganistão, onde a poliomielite ainda existe, ou onde há risco para transmissão (principalmente alguns países da África), também devem receber uma dose da vacina.
Contraindicação:
VOP – Em crianças com febre moderada a alta (acima de 38ºC), a vacinação deve ser adiada até que o quadro clínico melhore. Importante: Diarreia e vômitos leves não contraindicam a vacinação, mas é aconselhável adiá-la ou repetir a dose após quatro semanas.
São contraindicações inquestionáveis a vacinação de: pessoas com deficiência do sistema imunológico causada por doença ou medicamentos; portadoras do vírus do HIV; gestantes e todos os que convivem com esses grupos; pessoas que sofreram anafilaxia após o uso de componentes da fórmula da vacina (em especial os antibióticos neomicina, polimixina e estreptomicina); pessoas que desenvolveram a pólio vacinal após dose anterior.
VIP – A história de reação alérgica grave (anafilaxia) à dose anterior da vacina, ou a algum de seus componentes, contraindica doses futuras.
Esquemas de doses:
A imunização contra a poliomielite deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com novas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade.
VOP – Na rotina de vacinação infantil nos postos de saúde, é aplicada uma dose aos 6 meses, com reforço entre 15 e 18 meses e aos 5 anos. Crianças de 6 meses até 5 anos de idade devem participar das campanhas anuais de vacinação contra a pólio. O Ministério da Saúde (MS) também administra esta vacina em viajantes de qualquer idade que se dirigem a países onde a poliomielite ainda existe e onde há risco de transmissão do vírus.
VIP – Na rotina de vacinação infantil: aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos. Na rede pública: vacinação de rotina aos 2 e 4 meses de idade. As doses subsequentes para a prevenção da poliomielite é feita com a vacina VOP, aos 6 meses, entre 15 e 18 meses e aos 5 anos.
Via de aplicação:
VOP – Oral.
VIP – Intramuscular.
Cuidados antes, durante e após a vacinação:
Para ambas as vacinas – Em caso de febre, deve-se adiar a vacinação até que ocorra a melhora.
Qualquer sintoma grave e/ou inesperado após a vacinação deve ser notificado ao serviço que a realizou.
Sintomas de eventos adversos graves ou persistentes devem ser investigados para verificação de outras causas.
VOP – É aconselhável interromper a amamentação por uma hora antes e depois da administração da vacina. Se o bebê golfar ou vomitar, é preciso repetir a dose.
Nota: A VOP não deve ser administrada em bebês que se encontram hospitalizados. Também não deve ser administrada em crianças que convivem com imunodeprimidos.
Efeitos e eventos adversos:
VOP – Por conter vírus vivos, ainda que “enfraquecidos”, a VOP pode causar alguns eventos indesejáveis:
Poliomielite associada à vacina (VAPP): Ocorre quando o vírus da vacina consegue causar poliomielite na pessoa vacinada ou em quem convive com ela. Isso pode acontecer de quatro a 40 dias após a vacinação. A taxa de registros é de um caso para cada 3,2 milhões de doses aplicadas. Esse risco é muito maior (quase o dobro) quando da aplicação da primeira dose. Para quem tem comprometimento do sistema imunológico, o risco é cerca de 3.200 vezes maior. No Brasil, entre 1989 e 2011, foram registrados 46 casos VAPP, todos em crianças (um caso para cada 1,6 milhão de doses aplicadas). Os sintomas começam com febre, dificuldade de movimentação, dor e fraqueza dos músculos, principalmente das pernas, mas pode atingir os músculos usados na respiração. Depois de alguns dias, a dor desaparece, melhora a dificuldade de movimentação, mas os músculos começam a atrofiar e a amolecer.
Meningite asséptica e encefalite: Apesar de muito rara, é um risco maior para crianças imunodeficientes. Trata-se de uma inflamação do cérebro ou das membranas que o protegem. Podem acontecer sintomas que afetam a consciência (alucinações, mudanças de personalidade, agitação, sonolência, torpor e coma), sintomas que refletem as áreas afetadas do cérebro, em geral relacionados com a orientação espacial ou a sensibilidade (perda localizada de movimento em determinada parte do corpo, falta de coordenação motora, movimentos involuntários, sensações estranhas ou perda de sensações em partes do corpo) e sintomas de irritação do cérebro (crises convulsivas).
Reações de alergia: São raras e se devem aos componentes da vacina. Podem acontecer urticária e erupções na pele com coceira, mas não contraindicam doses subsequentes.
Poliovírus derivado da vacina (VDPV): Acontece por uma instabilidade genética do vírus da vacina ou pela combinação do material genético do vírus vacinal com outros vírus que vivem no intestino, propiciando o surgimento de vírus mutantes capazes de causar poliomielite e de serem transmitidos para outras pessoas. Até o final de 2013, nenhum VDPV foi identificado no Brasil.
VIP – Com a apresentação inativada pode ocorrer eritema discreto no local da aplicação (em menos de 3% dos vacinados), endurecimento (em menos de 12%), e dor geralmente leve (em menos de 30% dos vacinados). A febre é rara, ocorre em menos de 10% dos vacinados. A anafilaxia também, com risco adicional para pessoas que têm alergia grave aos antibióticos da fórmula (estreptomicina, neomicina e polimixina B).
Nas apresentações combinadas com outras vacinas, os eventos adverso possíveis também se relacionam às outras vacinas que estão combinadas (ver DTPa-Hib-VIP, DTPa-Hib-VIP-HB e dTpa-VIP).
Onde pode ser encontrada:
VOP – Apenas nos postos de saúde, na rotina de vacinação infantil a partir dos 6 meses de idade e nas campanhas anuais de vacinação, para todas as crianças de 6 meses a 5 anos.
VIP – A apresentação isolada está disponível nos postos de saúde apenas para as duas primeiras doses do esquema infantil de rotina (aos 2 e 4 meses de idade). As demais doses para a prevenção da poliomielite são feitas com a vacina VOP.
Nas clínicas privadas de vacinação, está disponível apenas em apresentações combinadas com outras vacinas: DTPa-VIP/Hib e DTPa-VIP-HB/Hib (para crianças com menos de 7 anos) e dTpa-VIP (para crianças a partir de 3 anos, adolescentes e adultos).
Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries), a apresentação isolada está disponível para crianças e adultos imunodeprimidos ou contactantes de imunodeprimidos, situações que contraindicam a utilização da vacina VOP.
Fonte:SBIm